domingo, 26 de outubro de 2008

Cidadão Kane - Ousado, inovador e profundo

Com pouco mais de 20 anos, Orson Welles dirigiu, produziu e roteirizou uma das maiores obras-primas da história do cinema. É complexo falar de Cidadão Kane; é complexo assisti-lo; é complexo entender sua importância.
É impossível falar do filme sem levar em conta a época que fora realizado. Se ainda hoje tem impacto e denuncia toda a sujeira por trás do sistema jornalístico mundial, imagine o apocalipse que causou na década de 40, tradicionalista e cheia de regras de conduta? Um personagem sujo, egoísta, egocêntrico, no meio de tantos galãs? Uma guerra começando e a denúncia ali, na tela? Era muito para as pessoas. Diversas abandonavam as salas de cinema revoltadas, e o filme foi muito mal em diversas críticas.

Ele começa com uma cena curiosa. Um castelo, que em breve sabemos que se chama Xanadu, com uma placa de “afaste-se” pendurada na grade e uma câmera que vai passeando por ele até uma janela. Até aí nada demais, quem está acostumado com uma certa linguagem no cinema, mas teve um significado muito maior na época. Depois a cena transição para dentro do castelo, outro recurso técnico inovador, vemos uma pessoa segurando uma bola dizendo “Rosebud”. Logo depois, ele a solta, entra uma enfermeira na sala e vemos que o homem está morto.

Tem-se início um documentário. Com ele descobrimos que quem acabara de morrer é ninguém mais ninguém menos que Charles Foster Kane, um dos homens mais importantes da época. O documentário tem duração de mais ou menos 10 minutos e mostra tudo resumidamente o que será aprofundado pelas próximas duas horas de Cidadão Kane. A partir daí, vemos quem está realizando o tal documentário, e que o mesmo não está satisfeito com o resultado provisório apresentado. Na tentativa de tornar o conteúdo mais interessante, ele coloca seus jornalistas atrás da resposta sobre uma questão que será a espinha dorsal do filme: o que diabos significaria “Rosebud”, a última palavra proferida pelo gigante Kane?

O interessante é que a descoberta do que seria “Rosebud” acaba se tornando um plano de fundo para descobrirmos o quão longe um ser humano pode chegar. Não é o verdadeiro foco do filme, e sim o trabalho sobre o personagem Kane. que não era o grande galã que as pessoas estavam acostumadas a ver nas telas da época. Isso causou um repúdio ao personagem, O filme foi vaiado pelos poucos espectadores que não saíam do cinema ao final. O enredo, fazendo fortes críticas ao sistema jornalístico da época, é assinado por Herman J. Mankiewicz e o próprio Welles. Ousado, inovador, profundo, faturou o Oscar da categoria (mesmo com toda essa explosiva energia contra o filme, que das oito indicações, só ficou com essa).

Quem foi George Orson Welles?


Órfão aos quinze anos, após a morte do seu pai (sua mãe morreu quando ainda tinha 9 anos), George Orson Welles começou a estudar pintura em 1931 primeira arte em que se envolveu. Adolescente, não via interesse nos estudos e em pouco tempo passou a atuar. Tal paixão o levou a criar sua própria companhia de teatro em 1937. Em 1938, Orson Welles produziu uma transmissão radiofônica intitulada A Guerra dos Mundos, adaptação da obra homônima de Herbert George Wells e que ficou famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão de extraterrestres. Um Exército que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofónica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta. O sucesso da transmissão foi tão grande que no dia seguinte todos queriam saber quem era o responsável pela tal "pegadinha". A fama do jovem Welles começava.

Citizen Kane
Sua estréia no cinema, em filmes de longa metragem, ocorreu em
1941 com Citizen Kane (Em Portugal, "O Mundo a seus Pés"; no Brasil, "Cidadão Kane"), considerado pela crítica como um dos melhores filmes de todos os tempos e o mais importante dirigido por Welles.
Os elogios a Citizen Kane
originaram por três motivos:

Inovação
Welles inovou a estética do cinema com técnicas até então raríssimas nas produções cinematográficas. Algumas delas são:
Angulações de câmera (Uso de Plongée e Contra Plongée).
Exploração do campo (campo e contra-campo).
Narrativa (narrativa não linear).
Edição/Montagem (muito sofisticada para e época de sua realização, devido a não linearidade da narrativa).

Coragem
Orson Welles retratou em "Citizen Kane" a vida e a decadência de um magnata da comunicação norte-americana. Logo, sua coragem de realizar esta obra prima acabou resultando no fechamento de muitas portas.

Dinamismo
Foi diretor, co-roteirista, produtor e ator em "Citizen Kane". O que é surpreendente, pois no cinema o acúmulo de funções acaba influenciando de maneira negativa no resultado final. Mas no caso de Welles surgiu uma obra completamente à frente do seu tempo.

Um desserviço da mídia


Há mais ou menos um mês, li uma matéria na Revista Carta Capital que não saiu mais da minha cabeça. Em um primeiro momento decidi que não ia escrever nada, mas agora mudei de idéia.

Todos nós sabemos sobre a influência da força dos laboratórios farmacêuticos sobre a mídia; não são poucas as reportagens preparadas para o lançamento de uma determinada medicação e, em alguns casos, é nítida a associação do conteúdo da matéria publicada com o conteúdo de marketing do fabricante da droga. O erro mais comum nessas publicações é o uso do nome comercial da droga ao invés do nome genérico e a omissão do laboratório que financiou o estudo.

Baseado nesta evidência, foi realizado uma pesquisa no Harward Medical School, em Massachusetts com as cinco mais importantes revistas científicas dos EUA, entre abril de 2004 e abril de 2008.
Nesse período foram encontrados 358 artigos sobre medicamentos patrocinados por laboratórios, desses somente 117 se estenderam para a mídia não especializada, o que resultou, no total de 306 artigos leigos. Desses 306, 42% não citaram que o fabricante patrocinara a pesquisa e quase 90% só traziam o nome comercial da droga.

Diante dessa informação eu fiquei estarrecida não pela evidência que ela trata, mais sim pelos dados mostrados de forma escancarada. Onde iremos parar? Qual será o limite entre publicidade e notícia? Ou então, há limite entre publicidade e notícia?

Um questionamento mais específico. Será o remédio um produto como qualquer outro para usufruir da propaganda?

Não escrevo para defender os genéricos, mas sim pela busca da veracidade e transparência na informação.
Enfim, tenha muito cuidado com tudo o que você lê.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O meu parecer sobre a veracidade e a velocidade

Com o surgimento e advento da internet, foi necessária uma adaptação de como divulgar uma notícia.
Estudos confirmam e eu, como usuária da internet também concordo, que não há uma regra, um hábito dos leitores de matérias na internet. As notícias são escolhidas aleatoriamente e, normalmente são mais lidas aquelas com mais destaque, com mais imagens e as mais atuais.
O consenso está no fato de todos buscarem por sites “confiáveis”. E é nesse aspecto que entra um ponto de discussão. O jornalismo online, muitas vezes produzido em tempo real, não se preocupa em aprofundar uma informação, a velocidade é transformada em fetiche, para “encantar” e “fantasiar” o leitor, tudo pode virar nota e ser transmitido o mais rápido possível.
A preocupação está em vender a notícia como uma mercadoria, fazer o possível para que ela tenha o maior número de acessos; isso faz com que muitas vezes a notícia fique incompleta, já que em várias ocasiões ela não é checada com profundidade.
Eu, como usuária e, como profissional de comunicação, não critico ou acho ruim o fato de as notícias serem publicadas a todo instante, em “tempo real” mas, penso assim, levando em consideração o fato de que a internet possibilita a atualização constante, no momento desejado, assim pode ser acrescentado mais dados em uma notícia sempre que necessário . Como já citei no início, acredito que esse novo “modelo” foi criado e adaptado para atender às exigências de leitores em geral que querem e sentem a necessidade de estarem informados e atualizados o tempo todo. A minha crítica fica para os sites sensacionalistas, que ao buscarem chamar a atenção dos leitores apelam para tudo, inclusive para informações não verídicas.